sábado, 25 de outubro de 2014

Carinho

- Bichaninha gata!
Que comeste tu à ceia ?
- Sopinhas de mel.
- Guardaste para mim?
- Guardei, sim.
- Chape, chape, chape, chape!

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Imagino-te em Paz

Imagino-te calma,
a pentear teus belos cabelos
brancos como a farinha e ondulados
em que passaram meus dedos,
em derradeira carícia.

Imagino que teus olhos
continuem doces e tranquilos
como quando sozinha cantavas
quadras e cantigas de Lisboa antiga.

Imagino-te contando e recontando,
em palavras gostosamente camponesas,
as histórias da tua singela infância
na Ribeira Do Bom Nome.

No tesouro das memórias,
ainda ouço os provérbios que repetias
sentada na minha cama
antes que eu adormecesse.

É a minha vez de te sussurrar,
aos teus adormecidos ouvidos,
repetindo-lhes o que antes não te deixavam
escutar: Mãe do meu coração,
estamos em Paz.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A nossa emigração - O regresso



novamente a burocracia...

 




o que ficou...

 
 

 
 
 

 

 



 

 
 

 
 

 
 
 
 

"Those were the days"...









 


Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil (foto actual)


 
em Pelotas, 1967


A nossa emigração - A travessia

O Vera Cruz
 


Conservas na bagagem...
 
 

 

 


 







A travessia do Atlântico no paquete Vera Cruz foi um marco nas nossas vidas. Íamos ao encontro de meu pai, mas na verdade minha mãe e eu partíamos para viver num mundo desconhecido.
Pela escotilha redonda do camarote de segunda classe os meus olhos espantados viram muita novidade.

 
  

Vi como meninos mais novos do que eu saltavam de botes de pesca, que se chegavam ao navio vindos da ilha da Madeira, mergulhando nas águas medonhas para apanhar moedas lançadas pelos passageiros. Aquilo que parecia um divertimento para os viajantes, nada mais era do que mendicidade infantil dos filhos dos miseráveis pescadores. Como havia quem achasse graça a vê-los a arriscar a vida, incentivavam-nos jogando mais e mais moedas…

 
Vi, maravilhado, ao largo de Cabo Verde, o vôo dos peixes-voadores...
 
 
 

 
 
Ao cruzarmos o Equador, vimos a bordo o nosso primeiro Carnaval brasileiro. Pela primeira vez ouvíamos “- Ei, você aí: me dá um dinheiro aí!”…