quinta-feira, 31 de julho de 2014

Imagino-te em Paz

Imagino-te calma,
a pentear teus belos cabelos
brancos como a farinha e ondulados
em que passaram meus dedos,
em derradeira carícia.

Imagino que teus olhos
continuem doces e tranquilos
como quando sozinha cantavas
quadras e cantigas de Lisboa antiga.

Imagino-te contando e recontando,
em palavras gostosamente camponesas,
as histórias da tua singela infância
na Ribeira Do Bom Nome.

No tesouro das memórias,
ainda ouço os provérbios que repetias
sentada na minha cama
antes que eu adormecesse.

É a minha vez de te sussurrar,
aos teus adormecidos ouvidos,
repetindo-lhes o que antes não te deixavam
escutar: Mãe do meu coração,
estamos em Paz.